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domingo, junho 20, 2004

 
A realidade as vezes é mais dura do que parece

Estou com vontade de escrever, de exteriorizar - e porquê não - exorcizar alguns fantasmas que habitam minha alma.

Hoje eu queria estar lendo, estar correndo ao longo do rio, mas a hora não é essa, o motivo que ganha urgência não é este, há gotas de lágrimas por todos os cantos e meus lábios não param de tremer.

De onde vêm aquela estranha vontade de dormir e não acordar mais, como se fosse um coma causado pela realidade. Surgem emoções de nossas entranhas e passam pelo coração, chegando ao nosso cérebro e destruindo a lógica, abusando do raciocínio e depois nos despejando sua ira incontrolável.

Quando estamos bem, falamos aos outros como se deve fazer para estar bem da mesma forma, uma espécie de altruísmo das sensações. Mas como estaremos todos um dia em um mesmo nível de consciência elevada se negamos nossos próprios erros? Disfarçamos nossas verdades, desconversamos a respeito do que carregamos no peito e não há porta de saída para o que temos pra dizer então. Estamos mudos perante tudo, perante todos.

E a realidade o que seria? O prato vazio na mesa de uma pobre criança? A indelicadeza de se negar as tentativas de amor? A insanidade de tirar a vida de um ser humano? O ramalhete de rosas vermelhas jogadas fora e que agora têm um sentido negro perante ao que fora no início? Ainda não sei.

As vezes não tenho com quem conversar sobre tudo isso, todas as pessoas estão distantes e eu não encontro saída para a dor latente. Mas se a realidade, que dura pode parecer, for algo acima disso, eu até entenderia, de alguma forma porque me sinto mal quando termina o domingo.

As vezes a realidade das coisas que nos afligem, das coisas que desnudam nosso corpo frio, não nos deixa aproximar-mo-nos de quem gostariamos de amar muito mais, de ajudar muito mais, de ser um anjo na terra aconteça o que acontecer. Quem decide a nossa sorte hein? Tenho reclamações e elogios a fazer.

Eu gostaria que a realidade jogasse de maneira mais franca e sincera do que de fato ela aparenta quando se mostra dura e implacável. Queria ela mais maleável, mais apta às minhas limitações e mais favorável ao meu crescimento sem cairmos no eterno discurso do "quem faz a hora é você".

Eu quero vida, e quero agora, quero viver e ser vivido de maneira mais intensa.

Se a realidade do mundo me permitir, que seja agora meu triunfo humilde e minha paz interna. Creio que este texto é apenas o começo de uma longa discussão.

Que haja ganhos e não só perdas, que eu modifique o que não poderia ser modificado e que assim saiamos do marasmo cotidiano.

A realidade e eu, uma forma paradoxal circundando o universo, eu de um lado e ela do outro; eu dentro dela e ela dentro de mim me corroendo e me instigando. A realidade humana as vezes persegue, humilha e quebra em pedaços os nossos frágeis ossos.

Somos o fantasma que criamos para nos proteger da realidade ou somos apenas o que somos a partir das consequencias desse contato?

Neste momento eu gostaria de estar modificando realidades, e talvez esteja e não tenha me dado conta disso, mas é tudo tão submerso e escondido, eu quase nem noto. Eu quero mudar a minha realidade, sei que assim estarei mudando tantas outras que se relacionam com a minha, mas não da mesma maneira.

Que se quebrem os paradigmas, que se partam as correntes, que as pessoas todas juntas levem seus corações para a beira dos rios e dos mares e lavem-os de toda podridão social que a vida impregnou-se, que todos assim em comunhão vivam vidas mais felizes, decentes, como um dia alguma criança imaginou enquanto jogava bola na areia da praia sob a chuva que caia de mansinho em seu corpo e refrescava também seu coração;

Quem quiser perseguir esse ideal, apenas me dê a mão...





iCe publicou este post as 15:36




 
Música

Clarisse
Legião Urbana


Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom samaritano
Cumprindo o seu dever, como se fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe prá mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os anti-depressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar prá casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada em seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu descanso
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir
E vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem 14 anos


iCe publicou este post as 12:39



sexta-feira, junho 18, 2004

 
Música!

Thank u
Alanis Morissette


How about getting off of these antibiotics
How about stopping eating when I'm full up
How about them transparent dangling carrots
How about that ever elusive kudo

Thank you India
Thank you terror
Thank you disillusionment
Thank you frailty
Thank you consequence
Thank you thank you silence

How about me not blaming you for everything
How about me enjoying the moment for once
How about how good it feels to finally forgive you
How about grieving it all one at a time

Thank you India
Thank you terror
Thank you disillusionment
Thank you frailty
Thank you consequence
Thank you thank you silence

The moment I let go of it was
The moment I got more than I could handle
The moment I jumped off of it was
The moment I touched down

How about no longer being masochistic
How about remembering your divinity
How about unabashedly bawling your eyes out
How about not equating death with stopping

Thank you India
Thank you providence
Thank you disillusionment
Thank you nothingness
Thank you clarity
Thank you thank you silence

yeah yeah
ahh ohhh
ahhh ho oh
ahhh ho ohhhhhh
yeaahhhh yeahh

iCe publicou este post as 16:05




 
And you give yourself away

Mesmo que parafraseando no título a famosa música do grupo irlandês U2, with or without you, quero neste texto discorrer sobre um assunto, bom, não é bem um assunto, é uma realidade que nos toca de repente.

As relações humanas se configuram muitas vezes de uma maneira tão crua e tão suja que me levam à angústia de fato.

Quantas vezes não nos diluimos por uma pessoa, quantas vezes não abdicamos dos nossos direitos humanos, de nossas necessidades básicas como respeito e dignidade, a fim de que outrém ao menos note-nos, sinta-nos, e assim caminhamos para o abismo da decepção.
Duas questões me vêem à mente quando penso nisso tudo, porquê insistimos? E porquê não nos valorizamos mais, sem cair no poço nojento do orgulho?

Sou tomado de súbito pela impressão de que somos destinados a sofrer pelos outros e com os outros e não creio que seja assim. Reluto em aceitar o fato que se mostra evidente, nossa deterioração consentida.

Não quero mais assistir da primeira fila ao espetáculo da minha tragédia pessoal, não quero mais de maneira alguma prosseguir essa auto-mutilação psicológica, mesmo que o motivo nobre do amor me faça pensar o contrário.

Não digo que sofrer não é amar, mas posso dizer que amor de maneira nenhuma pode assumir o ato de sofrer como sendo condição mister de si próprio, e isto já está se tornando um paradoxo, meu Deus...

Me vejo muitas vezes na minha vida me esvaziando em função dos outros. Quanta podridão pode sorver a nossa alma? Quão corrompido pode ser nosso coração? Quantos mais teremos que enganar com nossa permissividade a fim de que não sabemos para onde vamos e muito menos o que sentimos?

Estou decepcionado.




iCe publicou este post as 15:23